O Ministério Público do Trabalho investiga a partir de amanhã a morte de um cortador de cana da região. O trabalhador rural Mariano Baader, de 53 anos, residente em Tarabai, faleceu na última segunda-feira. Ele passou mal em pleno canavial e acabou sofrendo um infarte. Foi socorrido, mas chegou sem vida ao hospital. Sindicato da categoria quer saber também, junto ao órgão público, se a morte foi por exaustão, em decorrência do excesso de esforço no trabalho.
Segundo a Promotoria já existem outros procedimentos instaurados em relação a Agrícola Monções, empresa que terceiriza mão-de-obra para a usina Alvorada do Oeste, de Santo Anastácio.
Não só esta morte, mas muitas outras que acontecem no oeste paulista, precisam ser investigadas a fundo pelas autoridades competentes. É inadmissível que nos dias atuais, um pai de família, um cidadão, um trabalhador, morra em decorrência do excesso de trabalho. As empresas precisam sofrer constantes fiscalizações e devem ser obrigadas a cumprir o que rege as leis trabalhistas, implantando programas que protejam seus funcionários.
De acordo com o sindicato da categoria, cada trabalhador rural necessita cortar em média 12 toneladas diárias de cana para conseguir um salário mensal que gire em torno de R$ 800. "É muita produção para pouco salário", diz o diretor da Feraesp, Rubens Germano.
É por isso que o Ministério Público precisa investigar a fundo a morte de Mariano para saber se realmente ele morreu por exaustão. Se confirmada, as empresas precisam ser rigorosamente punidas.
Atualmente na área rural do Brasil é onde encontramos a face mais cruel da relação empregador-trabalhador. O mundo todo avança, a tecnologia evolui, a globalização aumenta, e conseqüentemente, a busca desenfreada pelo dinheiro torna-se cada vez mais desumana. A superexploração não tem mais espaço e por isso nossos governantes devem direcionar seus esforços para acabar com essa semi-escravidão, que pode ser verificada em muitos canaviais brasileiros, inclusive no oeste paulista.
Hoje os cortadores de cana são discriminados, deixados de lado. Recebem pouco, trabalham muito e não são respeitados. Sua vida, como qualquer objeto, é jogada na lata do lixo e mudanças precisam ocorrer. Marx disse uma vez que "o capitalismo não é roubo, é exploração" e parece que ele não está errado.