Observados por sindicalistas, Procuradores do Trabalho lacram a urna eleitoral antes de recolhê-la
O processo de escolha da Junta Governativa que gerenciará a direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Paraguaçu Paulista ganhou um novo capítulo. O Ministério Público do Trabalho fez nova intervenção junto à entidade, dessa vez, investigando denúncias recolhidas no dia do pleito, ocorrido na quinta-feira passada.
Manipulação dos trabalhadores, transporte irregular de eleitores e votantes provindos de localidades que não fazem parte da área de atuação do STR paraguaçuense são alguns dos reclames apontados em sua maioria por representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp/CUT), que estiveram observando a votação.
Um grupo de Procuradores do Trabalho da 15ª Região de Bauru esteve presente no local e acompanhou inclusive todas as movimentações na sala de votação, como também recolheram informações relevantes dos próprios trabalhadores enquanto estes aguardavam nas filas.
Ao termino da votação, o MPT, com anuência de representantes da entidade e sindicalistas, decidiu lacrar as urnas e recolhe-las, assim como a lista de votantes. Com a medida, de acordo com o Procurador do Trabalho, Dr. Luiz Henrique Rafael, será feita uma análise com base em cada votante, para apuração de irregularidades com votos de pessoas não habilitadas.
Para a Feraesp, a intervenção do MPT no Sindicato de Paraguaçu Paulista, trará maior tranqüilidade e transparência nos trabalhos eleitorais perante a categoria. “A atuação do Ministério Público na apuração das denúncias de malversação de dinheiro da entidade, que acarretou na dissolução da diretoria, foi o primeiro passo para trazer a moralidade de volta ao sindicato”, comenta Jotalune Dias dos Santos.
“Agora, com a investigação das denúncias que apontam irregularidades no dia da votação, contamos com a imparcialidade e a responsabilidade do MPT para que a categoria não sofra mais nas mãos de quem está na direção da entidade há mais de 40 anos e visa se eternizar no cargo”, complementa Aparecido Bispo, secretário-geral da Federação.
O sindicalista informa ainda de que é a primeira vez na história da entidade em que um grupo de oposição se organiza fazendo frente a administração. A Junta Governativa teria a missão de coordenar o sindicato até que se abrisse novo processo eleitoral, onde pelo menos dois grupos pretendem disputar o comando da entidade. No entanto, aguarda-se agora manifestação do MPT quanto ao assunto.
Assis - No último domingo houve votação para escolha da nova direção no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Assis e Região. Duas chapas participaram do processo eleitoral, sendo uma apoiada pela direção da entidade e outra, de oposição, apoiada pela CUT e pela Feraesp.
Por 215 votos a 163, o Sindicato ficará por mais um mandato com mesma linha de atuação que por anos comanda o local.
Apesar da derrota, o sindicalista Rubens Germano, membro da direção estadual da CUT, avalia como positivo o desempenho da chapa oposicionista. “Perdemos nas urnas, mas com pouca diferença. Isso nos credencia ainda mais junto a base, pois cada voto nosso foi um voto consciente, de quem realmente está descontente com uma direção subserviente aos desmandos de usineiros e quer a mudança. Continuaremos a luta junto aos trabalhadores para que em breve o Sindicato de Assis e Região esteja sendo dirigido por quem verdadeiramente representa os trabalhadores e não nas mãos de pessoas que são dependentes de usineiros por serem fornecedores de cana para as industrias”, comenta.